quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Especial Amazônia: Pirarucu: O "bacalhau da Amazônia"


Pescador captura exemplar de Pirarucu em lago da Amazônia.
Espécie pode pesar até 250kg e medir mais de três metros.
Foto: Divulgação/Jimmy Christian
DEPOIS DA NATAÇÃO, os visitantes são levados para um cercado de madeira submerso no rio. Esse local serve de viveiro para quinze Pirarucus, um dos maiores peixes de água doce do planeta. 

Os turistas mais empolgados procuram pela plataforma para nadar com os peixes, mas Silvana explica que devido à força e violência desses animais, a forma de contato será diferente: simulando uma pesca. E tem mais: “Não é qualquer um que consegue se segurar quando o peixe morde a isca. Duvido que algum de vocês consiga levantar a vara de pesca com o Pirarucu”, provoca.

Desafio lançado, desafio aceito. Dentre onze pessoas que arriscaram fisgar e içar o peixe, apenas um alemão consegue cumprir a tarefa. Ao jogar a isca na água, é ouvido um forte estalo da mordida, seguido por um show de força enquanto o Pirarucu se debate para se livrar do anzol.

Em janeiro de 2012, quatro Pirarucus nadavam no viveiro do Recanto dos Botos, mas Silvana não sabe até quando isso será possível. “O Ibama está falando em proibir (os Pirarucus) e deixar só os botos. Se eles disserem para tirar, eu tiro. Aqui o que a gente quer é mostrar que é possível convivermos em sintonia com a natureza sem causar mal pra ninguém”, explica.

O bacalhau proibido


Não é de hoje que o pirarucu é chamado de "Bacalhau da Amazônia". Chefs brasileiros vêm tentando emplacar o “gigante” dos rios amazônicos como um dos melhores bacalhaus do mundo.

Alvo de pesca predatória, peixe recebe proteção ambiental desde 1991.
 Foto: Dinosoria.com

Com mais de 250kg e três metros de comprimento, o Pirarucu -- "peixe-vermelho em Guarani" – não é presa fácil para os pescadores. O peixe é agressivo e não se entrega facilmente ao ser fisgado por um anzol. Mas o ponto fraco desse animal está no que poderia ser uma vantagem evolutiva: dois sistemas respiratórios distintos. Enquanto um funciona embaixo d água, o outro trabalha fora dela. Ao vir à tona para respirar, o Pirarucu torna-se vulnerável a ataques de predadores e pescadores ilegais. Para sorte da natureza, matar um "bacalhau da Amazônia"  é crime ambiental e pode levar a três a cinco anos de prisão.
Ribeirinhos capturam Pirarucu no rio Solimões.
Foto: Divulgação/ EMATER-RO
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“O Ibama está falando em proibir (os Pirarucus) e deixar só os botos. Se eles disserem para tirar, eu tiro. Aqui o que a gente quer é mostrar que é possível convivermos em sintonia com a natureza sem causar mal pra ninguém”. 
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De volta à terra firme

Depois de nadar com botos e "lutar" com Pirarucus, os visitantes do Recanto do Boto se preparam para embarcar rumo à cidade. Além das várias fotos  - os funcionários do local se oferecem para fotografar o mergulho de quem está sozinho - e do colar dado de presente por silvana, os turistas levam mais alguma coisa para a civilização. Poucos carregam produtos ou artesanatos vendidos na lojinha do flutuante, o alemão leva (pelo dia inteiro) uma expressão de orgulho por ter sido o ‘Super-homem do dia’, mas todos também levam consigo a tranquilidade proporcionada pela interação homem/natureza idealizada pela família de Silvana ao criar o Recanto. 

Recanto do boto:  um paraíso no meio do Rio Negro
Foto: Ana Caroline de Lima

Sabe qual a diferença entre boto e golfinho? Clique aqui para descobrir.

E você? Já foi nadar com os golfinhos? Conte sua experiência para nós! Ainda não foi mas pretende ir? Deixe suas perguntas nos comentários!



Na época que o teste de paternidade não existia: a lenda do boto-cor-de-rosa

PERGUNTE A QUALQUER NATIVO da região amazônica: antigamente, quando uma mulher aparecia grávida fora do casamento, de quem era a culpa? Do boto, é claro!
Na mitologia tupi, o deus Uauiará saía do rio para namorar as índias da região.
Foto: Divulgação.

Os botos-cor-de-rosa são animais charmosos. Mulheres, homens, crianças, todos aqueles que têm a oportunidade de interagir com eles ficam encantados em ver como esses cetáceos são desinibidos em contatos com os seres humanos. Mas segundo uma antiga lenda amazônica, essa desinibição pode ir muito além do que os turistas desinformados possam imaginar.

A lenda do boto

Diz a lenda que, em época de festa junina, o boto se transforma em um homem muito bem vestido e sai dos rios assim que a noite cai. Mas essa transformação tem um problema. O orifício presente na cabeça de todos os cetáceos para ajudar na respiração continua lá, por isso o boto-homem usa um chapéu para disfarçar o defeito.

Vestido de bom-moço, o boto procura as comemorações de festas juninas, dança, bebe e procura alguma moça desacompanhada. Conversa vai, conversa vem, o boto convence a pobrezinha a dar um ‘passeio perto do rio’. Chegando lá, as engravida e mergulha nas águas do rio, de onde só sairá no próximo ano.

Lenda do boto-cor-de-rosa: ensinada desde cedo nas escolas da região.
Imagem: Divulgação

O que a ciência acha disso?

Boto cor-de-rosa: o filho não é meu!
Foto: Ana Caroline de Lima
Cientificamente falando, os botos estão entre os animais mais ativos sexualmente no mundo. Tirando os primatas, é a única espécie que faz sexo apenas por prazer. Embora a lenda sobre "botos-homens" tenha se originado no século 19, as histórias de homens que se transformam em botos vêm da mitologia dos índios tupis, na qual o deus Uauiará se transformava em boto para namorar belas mulheres.
Verdade ou não, até hoje as mães solteiras na região do Amazonas desconversam as perguntas sobre os pais de seus filhos dizendo que estes são “filhos do boto". Algumas pessoas também usam o olho do boto desidratado para conseguir sucesso no amor. 

Funciona assim: se o homem quer conquistar uma mulher, ele deve olhar para ela através de um olho de boto. No mesmo segundo que receber o ‘olhar fatal’ ela ficará perdidamente apaixonada. Ou seja, se você é mulher, da próxima vez que estiver andando pela região amazônica e vir alguém olhando para você através de um olho seco de boto-cor-de-rosa, já sabe. A culpa não foi do lindo gesto animal, mas do boto.

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Especial Amazônia: Recanto do boto - Nadando com os golfinhos

O golfinho Tina sorri para a foto durante o mergulho.
Foto: Ana Caroline de Lima

COM GRITOS ESTRIDENTES, os golfinhos parecem crianças chamando os adultos para brincar. Enquanto se debatem na água, Eric - filho de Silvana e “alimentador oficial dos botos” – traz os baldes cheios de traíras frescas. Na natureza, os animais podem comer mais de 20kg de peixe por dia, mas segundo normas do Ibama, os guias podem oferecer apenas 10% desse valor para evitar que os animais não se alimentem demasiadamente.

Os turistas são encaminhados para uma plataforma construída dentro do rio. Silvana explica que todos poderão nadar com os animais, mas apenas Eric pode alimentá-los, por questões de segurança. 

Separados em grupos de seis, os visitantes entram nas águas escuras do rio Negro. Stacy, uma estudante americana, conta que está morrendo de medo, apesar de achar os golfinhos simpáticos. “Fui mordida por um peixe quando era pequena e tenho a cicatriz até hoje. Imagina o que um bicho desse tamanho pode fazer?”

Boto pula no grupo de turistas para alcançar um peixe.
Foto: Ana Caroline de Lima

Não é só ela que parece apreensiva. Nos primeiros minutos, todos os turistas – inclusive eu – observam Eric alimentar os botos de longe. Mas basta ouvir os gritos de alegria soltados pelos bichinhos para perceber que não há motivo para temer. Sabe aquelas crianças que cutucam com o dedo para chamar a atenção? Os botos fazem a mesma coisa, mas com o bico. 

Foto: Ana Caroline de Lima
Depois de vinte minutos de brincadeira com os golfinhos, os turistas são convidados a sair da água para que os animais possam descansar. Mas as atrações no Recanto não param por aí. Está na hora de os turistas testarem suas forças com um gigante da Amazônia. Clique aqui para descobrir de quem se trata.

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Boto ou golfinho? Entenda a diferença


Pense rápido: esses dois na foto são botos ou golfinhos?
Foto: divulgação

Em entrevista para a revista Super Interessante, o biólogo Marcos César Santos explica que tudo se trata de questões regionais: “O termo boto ganhou forç
a no Brasil para nomear o pequeno cetáceo encontrado nos rios da Amazônia. A partir daí, passou a ser ensinado em escolas que boto era de água doce e golfinho, de água salgada. Mas essa diferença não existe", explica.


Boto cor-de-rosa da família Platanistidae: coloração rosada, vive em água doce e brinca com turistas na Amazônia.
Foto: Ana Caroline de Lima
Em entrevista para a revista Super Interessante, o biólogo Marcos César Santos explica que tudo se trata de questões regionais: “O termo boto ganhou forç
a no Brasil para nomear o pequeno cetáceo encontrado nos rios da Amazônia. A partir daí, passou a ser ensinado em escolas que boto era de água doce e golfinho, de água salgada. Mas essa diferença não existe", explica.

Os golfinhos (ou botos) são animais da ordem dos cetáceos, tal como as baleias. Eles se subdividem em duas famílias. A primeira leva o nome de Delphinidae, que reúne as espécies marítimas, como o boto-tucuxi (aquele de coloração cinza), a orca e o golfinho-nariz-de-garrafa (lembra do filme Flipper?).


Já os cetáceos da família Platanistidae vivem apenas em rios, como o golfinho-do-rio-ganges.

Dúvida respondida. Ainda pensando na lenda? Clique aqui para relembrar a estória.
Foto: Divulgação

Especial Amazônia: Recanto do boto

Foto: Ana Caroline de Lima

Dóceis e simpáticos, os botos-cor-de-rosa atraem turistas na região amazônica. Confira como é o dia-a-dia em um dos principais flutuantes que oferece o serviço e descubra porque essa prática pode estar com os dias contados.


COM UMA FACA afiada na mão, Silvana abre a geladeira à procura de um dos vários peixes pescados pelo filho ainda de madrugada. Exibindo a habilidade típica que só a rotina pode trazer, em questão de minutos ela despedaça traíras escolhidas a dedo. Quando acaba de encher uma tigela grande com os pedaços de carne, coloca um sorriso no rosto e diz entusiasmada: “Vamos separar os melhores pedaços, porque a Tina precisa se alimentar”.

Com seus 100kg, Tina exibe uma silhueta arredondada, mas ainda assim necessita uma alimentação reforçada, como toda mãe em processo de amamentação. Depois de dez meses de gestação e marcada por ferimentos misteriosos, Tina deu à luz a Caco, que a acompanha o tempo todo. 

Uma gestação de dez meses. Parece bastante? Nem tanto, porque Tina e Caco são botos-cor-de-rosa. Eles são apenas alguns dos animais que visitam o Recanto dos Botos, à procura de comida.

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                                                      Hora do lanche: Tina abocanha um dos primeiros peixes do dia.
                                                              Foto: Ana Caroline de Lima

Self-service para botos?

Há dez anos a rotina do casal Silvana e Érico está interligada com os golfinhos. Tudo começou quando Silvana percebeu que um dos filhos sempre voltava de suas pescarias contando estórias sobre como os botos da região o cercavam pedindo carinho e peixes. 
Não levou muito tempo para que a família transformasse sua casa em um flutuante equipado com restaurante e lojinha de artesanato que atrai visitantes em busca do já famoso ‘mergulho com os golfinhos’. Atualmente, o Recanto do Boto é um dos cinco estabelecimentos autorizados pelo Ibama para a prática de turismo aquático com cetáceos.

nadando com os golfinhos, swimming with the dolphins, amazonia, floresta amazônica, amazon jungle, botos, boto cor de rosa,Entre peixes e turistas, Silvana conta que a vida com os golfinhos é cansativa, mas recompensadora.


“Antigamente, eu ouvia histórias de moradores que machucavam os botos por achar que eles fossem fazer mal pra alguém. Hoje com o sucesso do Recanto, as pessoas estão se conscientizando que os botos são amigos e que podemos viver em harmonia.”, explica. 

Nadando com os golfinhos

As cores branca e vermelha do flutuante chamam a atenção em frente à vastidão das águas do Rio Negro. Após duas horas de viagem de lancha partindo de Manaus, os visitantes são recebidos com as boas-vindas de Silvana assim que a embarcação atraca. Depois de explicar um pouco sobre o trabalho realizado no flutuante, ela e o filho Eric presenteiam os turistas com colares artesanais feitos com materiais típicos da Amazônia.   



Em meio a agradecimentos e elogios ao artesanato feito de sementes das árvores próximas, escuta-se um grito de uma criança, que diz em inglês: “Pai! Olha lá uma mamãe golfinho nadando com o bebê!”

Todos os olhares se voltam ao rio, onde Tina e Caco pulam freneticamente, provavelmente à espera dos peixes diários oferecidos por Eric. Não demora muito para que outros botos apareçam, vindos de todas as direções.

Veja a continuação clicando aqui.

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